A saúde pública em São Carlos vive um momento alarmante. Pacientes enfrentam filas intermináveis para consultas médicas, enquanto serviços essenciais estão sobrecarregados devido à má gestão e contratos questionáveis com empresas terceirizadas. Este cenário, agravado pelo fechamento temporário da UPA da Vila Prado, gera indignação na população e levanta dúvidas sobre as prioridades da administração municipal.
Casos como o da jovem Maísa, de apenas quatro anos, são emblemáticos. Diagnosticada com uma condição neurológica, ela aguarda há mais de dois anos por uma consulta com um neuropediatra, mesmo após a classificação de sua situação como urgente. Essa espera desumana reflete a negligência no cumprimento das responsabilidades básicas de atendimento à saúde pública, deixando crianças e famílias desamparadas.
Veja o vídeo em que o vereador eleito Leandro do Amaral, questiona um vereador da comissão de saúde sobre o caso da Maísa.
Conforme relatos, a gestão da saúde em São Carlos é realizada por meio de contratos terceirizados. Atualmente, o município mantém um acordo milionário com a empresa CubaMed, que administra os serviços da área. O contrato, estimado em R$ 26 milhões, é alvo de duras críticas tanto da população quanto de líderes políticos, como o vereador Leandro do Amaral, que questiona o descumprimento de cláusulas que prometem atendimento humanizado e eficiente.
O contrato vigente com a CubaMed foi assinado para gerenciar a saúde da cidade por um período de dez anos. Apesar do valor expressivo e da promessa de melhorias, há indícios de falhas graves. Entre as promessas do contrato, destacam-se:
No entanto, a realidade aponta para um colapso no sistema. De acordo com dados coletados pela comissão de saúde, centenas de pacientes aguardam por exames e consultas essenciais, muitos com prazos superiores a dois anos. A demora afeta especialmente áreas como neurologia, cardiologia, oftalmologia e ortopedia, consideradas as especialidades mais procuradas pela população local.
A recente interdição temporária da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Prado é mais um capítulo trágico na crise de saúde pública da cidade. Com a unidade fechada, outros pontos de atendimento, como a Santa Casa e os postos de saúde, estão sobrecarregados, comprometendo ainda mais a qualidade do atendimento e expondo a fragilidade da rede pública.
Pacientes relatam filas intermináveis e falta de estrutura para lidar com a demanda crescente. Segundo especialistas, o fechamento da UPA deveria ter sido acompanhado de um plano emergencial, o que não foi feito, deixando os cidadãos à mercê de um sistema colapsado.
Além das falhas operacionais, a gestão da saúde pública em São Carlos enfrenta questionamentos sobre a alocação de recursos. Enquanto o orçamento da saúde consome cerca de 20% da receita total do município, os resultados estão longe de atender às expectativas. Em comparação com cidades vizinhas, São Carlos apresenta um dos piores índices de eficiência na utilização de recursos em saúde, segundo o Tribunal de Contas do Estado.
Entre os dados mais preocupantes, destacam-se:
Cidadãos de São Carlos estão cada vez mais frustrados com a falta de soluções para problemas recorrentes. Movimentos populares e ações de vereadores como Leandro do Amaral têm pressionado a administração municipal a reavaliar os contratos e implementar políticas públicas mais eficazes. Contudo, a resposta da prefeitura é considerada insuficiente.
O vereador Amaral destaca que a fiscalização é essencial para garantir o cumprimento das cláusulas contratuais e que medidas enérgicas, como a rescisão do contrato com a CubaMed, devem ser consideradas caso as falhas persistam. "Não podemos tolerar a falta de comprometimento com a saúde do nosso povo. Dois anos esperando por uma consulta não é apenas um descaso, é um crime contra a dignidade humana", afirma o parlamentar.
Especialistas sugerem que a saída para a crise passa por:
A crise na saúde pública de São Carlos é um reflexo de uma gestão ineficiente e da falta de compromisso com os direitos básicos da população. Enquanto crianças como Maísa aguardam por atendimento, milhões de reais são investidos em contratos que não entregam resultados. A prefeitura tem a responsabilidade de reverter esse cenário e garantir que a saúde deixe de ser uma questão de sorte para se tornar um direito acessível a todos.
É hora de a gestão municipal priorizar a saúde pública e ouvir o clamor dos cidadãos. Afinal, nenhuma sociedade pode prosperar enquanto seus cidadãos mais vulneráveis permanecem desassistidos.
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