Domingo, 27 de Abril de 2025
18°C 27°C
São Carlos, SP
Publicidade

São Carlos entre as cidades com maior incidência de dengue no Brasil em 2025

Município figura entre os 10 primeiros do país; hospitais lotados e avanço da febre amarela na região aumentam alerta das autoridades

13/04/2025 às 19h29 Atualizada em 13/04/2025 às 20h06
Por: Redação Fonte: Redação
Compartilhe:
Situação do Crescimento da Dengue em São Carlos
Situação do Crescimento da Dengue em São Carlos

Um cenário crítico de saúde pública

Com mais de 934 casos de dengue por 100 mil habitantes, São Carlos se tornou um dos epicentros da crise sanitária que assola o estado de São Paulo em 2025. A cidade ocupa a 7ª posição nacional no ranking das mais afetadas, segundo dados do Ministério da Saúde, e enfrenta emergências colapsadas, filas nas unidades básicas de saúde e denúncias de negligência na limpeza urbana.

Enquanto o número de infectados cresce em ritmo alarmante, a prefeitura adota uma postura morosa, com ações fragmentadas, campanhas tímidas e atraso na implementação de medidas preventivas básicas, como mutirões de limpeza, inspeções em imóveis e distribuição de materiais informativos.

“Estamos vivendo uma tragédia anunciada. A cidade foi avisada. Os bairros periféricos, onde há mais lixo e água parada, estão abandonados”, afirma um agente de saúde que pediu anonimato.

Gráfico atualizado com os 10 municípios com maior incidência de dengue em 2025, baseado nos dados do Ministério da Saúde e publicados pelo site Metrópoles. O gráfico mostra a taxa de casos por 100 mil habitantes.

Emergências lotadas e um sistema de saúde à beira do colapso

Nos últimos dois meses, o tempo médio de espera por atendimento na UPA Vila Prado ultrapassou 5 horas. Profissionais da saúde relatam exaustão física e emocional, com plantões duplos e sobrecarga por falta de reforço nas equipes.

“Tem dia que atendemos mais de 300 pessoas. Muitos chegam desidratados, vomitando, com febre alta. É uma cena de guerra. E o pior: sem estrutura para todos”, relata um enfermeiro da rede municipal, sob condição de anonimato.

Pacientes com sintomas leves são orientados a aguardar em casa, mesmo sem diagnóstico confirmado. Faltam testes, medicamentos básicos e repouso adequado para os pacientes atendidos.


Prefeitura ausente: campanhas fracas, fiscalização falha e falta de liderança

A responsabilidade direta da gestão municipal nessa crise é incontestável. Especialistas apontam diversas falhas graves da administração municipal.

  1. Falta de campanhas educativas contínuas: Ações pontuais e pouco visíveis não alcançaram a população, especialmente nos bairros periféricos.

  2. Fiscalização deficiente de terrenos baldios e imóveis abandonados, que são os principais focos do mosquito Aedes aegypti.

  3. Ausência de mutirões permanentes de limpeza e orientação comunitária, limitando-se a reações tardias, após os surtos já estarem em curso.

  4. Gestão orçamentária omissa, com investimentos tímidos na área da vigilância em saúde, mesmo com o alerta nacional da dengue feito já em novembro de 2024 pelo Ministério da Saúde.

“A prefeitura parece sempre surpresa com a dengue, como se fosse algo novo. Isso é gestão irresponsável”, comentou o médico infectologista da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Risco de reemergência da febre amarela: Uma ameaça silenciosa

Em meio à explosão de casos de dengue, outro vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti volta a preocupar especialistas: a febre amarela. Embora controlada nos últimos anos por campanhas de vacinação, o número de pessoas não vacinadas voltou a crescer — especialmente em regiões urbanas.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo:

  • Em São Carlos, cerca de 12% da população ainda não está imunizada;

  • O risco é maior em bairros periféricos e zonas rurais com alta infestação do mosquito;

  • Não há registros confirmados da doença em 2025, mas o nível de alerta foi elevado em março.

A negligência da prefeitura com a vacinação preventiva e com o controle de vetores pode facilitar o retorno da febre amarela, especialmente com a movimentação entre cidades próximas que já registraram surtos esporádicos.


Investimento público: o orçamento mostra onde está (ou não) a prioridade

O gráfico acima revela um dado preocupante: mesmo com o aumento do orçamento geral da saúde, os recursos destinados ao combate direto à dengue permanecem estagnados. Em 2025, apenas R$ 3,8 milhões foram destinados para vigilância e combate ao mosquito — valor irrisório diante da magnitude da epidemia.

“É uma escolha política. A saúde pública deveria ser prioridade máxima. A dengue é previsível. O que não é aceitável é a omissão", afirma o economista de políticas públicas Marcelo Siqueira.

Além disso, não houve aumento significativo no número de agentes comunitários de endemias, e muitos bairros continuam sem visitas regulares. As ações de combate, como nebulização e limpeza de terrenos, ocorrem de forma isolada e emergencial, e não como rotina permanente, como orienta o Ministério da Saúde.


Comparativo com cidades-modelo: o que São Carlos deveria copiar

Cidades como São José dos Campos e Franca conseguiram controlar a dengue em 2025 com as seguintes ações:

Enquanto isso, São Carlos ignora soluções inovadoras e repete erros estruturais. Não há projetos-piloto com tecnologia, tampouco envolvimento efetivo da comunidade escolar e religiosa nas campanhas.

 

O papel da comunicação pública: falta informação e sobra improviso

Outro ponto falho na atuação da prefeitura é a comunicação institucional ineficiente. As redes sociais oficiais divulgam poucas informações sobre:

  • Locais e horários de mutirões;

  • Recomendações de primeiros cuidados;

  • Atualizações sobre vacinas;

  • Telefones úteis e canais de denúncia de focos.

Muitas publicações da prefeitura são genéricas ou feitas apenas em formato de texto, ignorando o impacto de vídeos educativos, mapas interativos e linguagem acessível. Com isso, a população fica desinformada — e, por vezes, indiferente.

A voz das ruas: relatos de sofrimento e indignação

Em bairros como Cidade Aracy, Santa Felícia e Jardim Zavaglia, moradores relatam abandono. O mato alto, entulho e entupimento de bueiros formam o ambiente ideal para a proliferação do mosquito.

“Minha filha ficou 4 horas na UPA com febre e vômito. Deram um soro e mandaram pra casa. No outro dia, voltou pior e teve que ser internada”, diz moradora da Vila Nery.

A indignação não vem só da população. Profissionais da saúde também denunciam:

  • Falta de equipamentos básicos, como termômetros e testes rápidos;

  • Plantões sem reforço de equipe;

  • Pressão psicológica e física intensa;

  • Falta de suporte psicológico aos trabalhadores da linha de frente.

“É desumano. Estamos exaustos, e a prefeitura ainda quer fazer de conta que está tudo sob controle”, afirma um médico da rede municipal que preferiu não se identificar.


O que poderia ter sido feito — e ainda pode ser

Mesmo diante do cenário crítico, há medidas que a prefeitura ainda pode implementar para conter os danos:

  1. Implantar o “Gabinete de Crise da Dengue” com coordenação direta da Secretaria de Saúde e da Defesa Civil, com reuniões diárias e comunicação transparente.

  2. Reforçar a equipe de agentes comunitários de saúde e endemias, com contratação emergencial e capacitação.

  3. Criar um sistema de geolocalização de focos, utilizando tecnologias gratuitas como Google Maps e WhatsApp.

  4. Firmar parcerias com universidades (UFSCar, USP) para ações integradas, como mutirões, pesquisas de campo e monitoramento de dados.

  5. Lançar campanhas de massa em rádios, redes sociais e carros de som, com linguagem acessível e diretas para a população mais vulnerável.

  6. Mapeamento e limpeza de terrenos baldios públicos e privados, com aplicação de multas quando necessário.

  7. Instalação de tendas de hidratação e atendimento rápido em pontos estratégicos da cidade, desafogando as UPAs.


Como a população pode se proteger da dengue e da febre amarela

Enquanto o poder público hesita, a prevenção individual e comunitária ainda é a principal forma de combate:

???? 10 formas práticas de evitar a proliferação do mosquito:

  1. Esvazie pratos de vasos de plantas, pneus e garrafas.

  2. Tampe tonéis, caixas d’água e cisternas.

  3. Limpe calhas e ralos periodicamente.

  4. Evite acumular lixo e entulhos em quintais.

  5. Use telas nas janelas e repelentes corporais.

  6. Verifique calhas entupidas após chuvas.

  7. Mantenha piscinas tratadas com cloro.

  8. Denuncie focos em terrenos abandonados à prefeitura.

  9. Oriente vizinhos e familiares, principalmente idosos.

  10. Elimine criadouros em áreas públicas próximas.

???? Vacinação contra febre amarela:

  • A vacina é gratuita e está disponível nas UBSs.

  • Basta uma dose na vida toda para estar protegido.

  • Populações prioritárias: moradores de áreas rurais, pessoas com baixa imunidade e idosos com prescrição médica.


Histórico das epidemias em São Carlos: uma tragédia anunciada

São Carlos já enfrentou surtos de dengue intensos em 2010, 2013, 2015 e 2019. No entanto, o de 2025 é, até agora, o pior da história recente. O número de casos praticamente dobrou em relação a 2024, e há expectativa de ultrapassar 10 mil infecções até o meio do ano.

A cada três anos enfrentamos isso. Mas nada muda. A prefeitura continua apagando incêndios em vez de prevenir.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
São Carlos - SP
Sobre o município
Localizado no interior do estado de São Paulo, na região Centro-Leste, e a uma distância rodoviária de 231 quilômetros da capital paulista. Sua população estimada pelo IBGE 256 915 habitantes, distribuídos em uma área total de 1 136,907 km². A cidade é um importante centro regional industrial,com a economia fundamentada em atividades industriais, serviços e na agropecuária.
Ver notícias
São Carlos, SP
24°
Tempo nublado

Mín. 18° Máx. 27°

24° Sensação
1.44km/h Vento
60% Umidade
0% (0mm) Chance de chuva
06h28 Nascer do sol
05h49 Pôr do sol
Seg 25° 18°
Ter 21° 15°
Qua 22° 13°
Qui 24° 12°
Sex 25° 12°
Atualizado às 18h07
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,69 -0,04%
Euro
R$ 6,47 +0,00%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 565,245,36 -1,08%
Ibovespa
134,739,28 pts 0.12%
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias